domingo, 28 de junho de 2009

A Formaçao de Deus.

Nao sei porque que muitos poetas afirmam que a beleza da beleza esta mesmo nessa sua limitada temporalidade, ou seja, uma coisa para ser linda tem que terminar, talvez porque geralmente eles conseguem ver a beleza so depois que ela terminou, na luz artificial da propria mente, onde na total disonestidade e impunidade ficam alterando a realidade, aproveitando que ela esta fechada num passado onde nao pode gritar "voce esta se enganando!". Talvez exista mesmo mesmo nos poetas essa vontade que a beleza termine antes que termine o interesse deles pela beleza, parece que somos programados com um timer, depois de um determinado tempo a beleza nao è mais bela. Entao fica muito comodo pensar que as cosas terminem antes que a gente descubra que na verdade quem termina somos nos, instante por instante, fase por fase na nossa vida.

Eu nao concordo com isso, para mim se a beleza podesse ser eterna seria bem melhor. Eu sou capaz de ser fiel a uma ideia o tempo todo, o sintoma extremo dessa minha perversao è o fato que consiguo comer salada de aroz por mais de uma semana sem enjoar, no almoço e na janta.
Nao sei, talvez isso acontece mesmo porque os poetas escrevem so quando estao suffrindo, escrevem so com a dor da perda e da disilusao. Eu nao, quando estou mal so quero saber de brigar com alguem ou usar uma forma indireita e postergada de autoviolença que è "comer um monte de nutella".

Entao fico pensando no conceito mais alto de beleza que historicamente foi nos repassado, a beleza metafisica de Deus. Quando era criança eu sempre me perguntava o que faziam o tempo todo as almas no paraiso. Os padres e as freiras me respondiam que estavam somente e continuamente contemplando Deus. Entao eu ficava pensando, nossa, como è possivel passar a eternidade olhando para uma coisa sem cansar? Possivel que eles nao se distraiam um pouco? Entao eu pensava, se isso acontece è porque realmente Deus deve ser algo de realmente extraordinario. Ele programou a beleza suprema e programou ela pela enternidade. Ele nao se cansa como a gente se cansa, e mesmo a gente com ele nao se cansa mais. Tudo isso è realmente extraordinario talvez so quanto extraordinario é o desejo dos homens, querendo a existencia de algo que seja alem das proprias imperfeçoes, da efimeridade, de algo que dura so o tempo que dura, porque se Deus nao è so uma projeçao entao a unica coisa que posso deduzir è que nao deve ter cursado letras, mas com certeza uma faculdade ciença ou de engenharia.

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