segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Rei Mago

o deserto da nossa antiga separação
na íntima noite
eu atravessei
disperdendo em gotas
o ouro da minha fé
o incenso das lembranças
a mirra dos meus sonhos,
seguindo, solitário
o ondulado caminho que nós une
como uma obscura e macia
serpente adormecida.

Queimado pelos ventos áridos das desilusões
saciei a minha sede
com a luz de uma unica estrela
rainha dos meus céus
umbigo do meu universo
encastoada aí
no meio do seu ventre
brando sepulcro
de todas as minhas esperanças.

Assim, até você eu cheguei
segurando em mãos ásperas
a minha alma em farrapos
unico vestígio de uma viagem
à sua procura
desgastado embrulho
da adoração que eu vim
para te entregar.

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